Nahuel Medina, assessor de Pablo Marçal (PRTB), agrediu Duda Lima, marqueteiro do prefeito Ricardo Nunes (MDB), durante o debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pelo Grupo Flow, na noite de segunda-feira (23).
A agressão ocorreu após Marçal, que fazia as considerações finais, ter sido expulso do debate por desrespeitar reiteradamente as regras do encontro.
Por que Marçal foi expulso do debate?
Nas considerações finais, Marçal disse que iria fazer uma promessa de campanha: “ele vai para a cadeia”, afirmou se referindo a Nunes.
Na sequência, Carlos Tramontina, mediador do debate, advertiu Marçal. “Se o senhor se esquece, as regras que o senhor assinou estão aqui. Eu posso interrompê-lo. O senhor está sendo advertido. O senhor aparentemente está aproveitando o último instante do debate para abaixar o nível”, avisou o jornalista.
Marçal ignorou o primeiro aviso e continuou: “nós vamos prender o prefeito por envolvimento com problema de creche, isso não é da ofensa, você tem que ouvir… ele não gosta de crítica”. Em seguida, o candidato foi novamente advertido.
Após a interrupção, a regressiva do tempo foi retomada e Marçal tornou a dizer: “a Polícia Federal vai prender o Ricardo Nunes, essa é uma promessa de campanha por causa das merendas”.
Terminada a fala, Marçal foi expulso do debate.
A seguir, uma confusão iniciou-se e a transmissão do debate foi suspensa.
Veja o momento da agressão
Nessa imagem obtida pela CNN, é possível ver o momento em que Nahuel Medina desfere um soco em Duda Lima. Confira no vídeo abaixo:
Marçal diz que marqueteiro de Nunes começou confusão
Após o debate, Marçal disse que a agressão começou com Duda Lima.
“Ele avançou contra um integrante da minha equipe e, na reação, ele acabou desferindo um soco contra ele”, declarou Marçal.
“Duda Lima precisa ser retirado, ele não pode entrar mais nesses debates, pois ele assumiu as dores do prefeito, que vou prender. Isso é uma proposta de campanha: ele não vai passar ileso. Ele participou dos esquemas de creche”, prosseguiu o candidato do PRTB.
Nas redes sociais, Pablo Marçal divulgou um vídeo em que o marqueteiro de Nunes aparece tentando pegar um celular que estava gravando um vídeo dele. É um trecho curto e não é possível saber o contexto.
A CNN entrou em contato com a assessoria de Nunes e aguarda posicionamento.
A informação foi confirmada à CNN pelo prefeito da capital paulista.
Segundo Nunes, a equipe de campanha registrava um boletim de ocorrência contra o assessor de Marçal quando Duda Lima “começou a ficar zonzo” na delegacia e precisou ser levado ao hospital.
“Ele tomou um soco do nada”, diz Nunes
Depois do episódio, Nunes disse que Duda Lima “levou um soco do nada”.
Ao deixar o local, Medina afirmou a jornalistas que o marqueteiro de Nunes xingou Marçal durante o debate e tentou passar “código” a candidato do MDB.
“Eu fui começar a filmar, para mostrar isso, para mostrar como eles agem pelas costas, como eles criam toda essa narrativa e manipulam tudo”, disse Medina.
O videomaker mostrou o peito e disse que estava machucado e que, “na hora, ele [Duda Lima] me olhou e veio segurar e foi com toda força em mim, enfiou a mão dentro da minha camisa”.
Tassio Renam, advogado da campanha de Marçal, afirmou que Medina agiu em legítima defesa e que também irá registrar uma agressão que Duda Lima teria cometido contra o assessor.
“Se você pegar o vídeo no Instagram do Pablo Marçal, você vê muito clara essa questão [da agressão]”, disse o advogado, argumentando que o marqueteiro retirou o celular da mão de Medina e o feriu.
“Foi um ato de legítima defesa, não existe qualquer arrependimento da parte dele [Medina]”, disse Tassio Renam a jornalistas.
Medina publicou uma foto da mão nas redes sociais e disse: “eu só me defendi instintivamente”.
O advogado de Duda Lima, Daniel Bialski, entrou com um pedido de medida protetiva. Caso a Justiça conceda o pedido, Medina não poderá estar no mesmo ambiente que Lima, incluindo os próximos debates eleitorais que estão marcados.
Questionado se Medina poderia ser preso pela agressão, Bialski disse que “infelizmente não”.
“Esse era um caso que mereceria [prisão], mas nossa legislação, em casos como esse, determina que seja lavrado um termo circunstanciado, as testemunhas são ouvidas, e a delegada faz um relatório do que ela compreende”, explicou o advogado.
(Publicado por Lucas Schroeder, com informações de Douglas Porto, Ely Grion, Gustavo Zanfer, Pedro Duran e Stêvão Limana)