O câncer de colo de útero, terceiro mais comum entre as mulheres, é uma doença silenciosa em seus estágios iniciais. Segundo o médico patologista Carlos Aburad, em entrevista ao Rdtv Cast, o câncer surge, na maioria dos casos, a partir da infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano), e não apresenta sintomas visíveis ou físicos no começo. Por isso, exames preventivos como o papanicolau, são fundamentais para identificar alterações ainda imperceptíveis em consultas de rotina.
Annie Souza
“O câncer de colo de útero começa com uma lesão pré-maligna que vai desenvolver o câncer no futuro. Ele não tem nenhuma manifestação clínica ou física. Não dá nenhum tipo de corrimento, sangramento, dor. No começo é uma doença silenciosa e vai se manifestar com sintomas já num cenário um pouco avançado, com anos de desenvolvimento. Por isso a importância de colher o preventivo, pois a gente pode enxergar alterações que no exame físico não viu”, explica.
O vírus pode levar anos para causar alterações malignas, o que dá tempo para intervenções preventivas.
“A formação, o desenvolvimento desse câncer de um colo normal até o começo de alteração são anos de evolução. Tem estudos que falam que o HPV para desenvolver um câncer, em média, são 10 anos. Então, você tem um período bom para tratar. Mas se você fizer o diagnóstico num estágio avançado, o índice de cura cai drasticamente, então a ideia é o, diagnóstico mais precoce possível, com isso se chega a 100% de cura”, afirma.
Annie Souza
O médico patologista Carlos Aburad durante entrevista ao Rdtv Cast, apresentado pela jornalista Greyce Lima
Como qualquer vírus, o HPV infecta a célula, onde tem muita umidade, como o colo, vagina, vulva, ânus e boca, então a predisposição dele é pra esses locais. As variações desse vírus oncogênicos levam à mutação da célula. Essas mutações desenvolvem o câncer. Então, a perda do controle de regulação do ciclo celular faz com que essa célula comece a se multiplicar de forma coordenada, crescendo sem parar.
“Ela começa a infiltrar as regiões adjacentes, começa a se espalhar à distância. Então, o vírus, ele é oncogênico, ele provoca uma mutação onde ele está infectado. E é essa mutação que leva ao desenvolvimento do câncer”, pontua Carlos.
O câncer de colo de útero deverá afetar cerca de 17 mil mulheres entre 2023 e 2025, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). “Se a gente trabalhasse num cenário ideal onde 100% das mulheres fizessem esse exame, esse número com certeza diminuiria pelo menos 60%. “As medidas de prevenção que temos hoje é a vacina contra o HPV, pois o HPV é responsável por quase 100% dos casos, orientação sexual, uso de preservativo, exames de rotina”, defende.
A vacina contra o HPV é disponível pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos e para adultos imunossuprimidos até 45 anos.
Confira, abaixo, a entrevista de Aburad ao Rdtv Cast: