Um dos alvos da Polícia Civil na Operação Suserano, deflagada nesta terça-feira (24), o Instituto de Natureza e Turismo Pronatur, com sede em Cuiabá, recebeu só neste ano R$ 28 milhões de emendas de deputados estaduais para a compra de kits de ferramentas para a agricultura familiar.
Segundo as investigações, parte do dinheiro das emendas, destinadas à Secretaria de Estado de Agricultura Familiar, teria sido desviada num esquema de superfaturamento e pulverização das verbas através de outras empresas (veja abaixo).
A suspeita sobre o esquema foi denunciado pelo Governo do Estado à Controladoria Geral do Estado (CGE), em junho passado.
A Delegacia Especializada de Combate à Corrupção apontou que pelo menos R$ 4,4 milhões foram sacados em dinheiro entre os anos de 2022 e 2024.
Segundo os autos, dos R$ 28 milhões destinados à compra de produtos, cerca de R$ 10,2 milhões estariam com valores superfaturados.
As empresas Tupã Comércio e Representações, Paredão Comércio de Materiais para Construção e GFS Materiais para Construção sempre participavam de todos os processos de orçamentos para a aquisição dos kits.
Em todas as negociações, a Tupã, que tem como sócio Euzenildo Ferreira da Silva, apresentava valores menores do que as concorrentes numa simulação.
As investigações revelam que o verdadeiro dono da Tupã Comércio e Representações seria Alessandro do Nascimento.
Além dele e a esposa possuirem uma “relação pessoal de amizade” com o presidente da Pronatur, Wilker Weslley Arruda da Silva, a Tupã seria, de fato, a fornecedora de “todos os kits de ferramentas constantes nos Termos de Fomento firmados entre a Seaf e a Pronatur”.
Repasses milionários e saques em dinheiro
Ao todo, a Pronatur repassou à Tupã R$ 8,6 milhões. Segundo as investigações, mais de R$ 4,4 milhões foram sacados em espécie, num movimento que envolveu a Tupã e outras empresas.
Os saques eram feitos logo que a Tupã recebia o dinheiro da Pronatur.
Segundo a Polícia Civil, Diego Ribeiro de Souza, Vlasviane Cleide Sacomani Araldi e Luis Antônio Santos Neves eram os responsáveis pelos saques.
Somente no período de 10 de janeiro a 12 de junho deste ano, a empresa Tupã enviou para a a Alessandro do Nascimento (Tubarão Empreendimento) R$ 2,3 milhões.
Também neste ano, foram realizados saques da conta da empresa Frontline Distribuidora, que totalizaram a quantia de R$ 743, 7 mil – e saques em espécie de R$ 1,2 milhão, entre 2023 e 2024, pela empresa Ribeiro Comércio e Serviços.
Já entre janeiro e junho deste ano, a empresa Tupã enviou para Alessandro Nascimento do Nascimento (Tubarão Empreendimentos) R$ 2,3 milhões, “sendo dos valores tão logo sacados”.
Também em 2024, a empresa Frontline Distribuidora fez saques no valor de R$ 743 mil logo após receber a quantia de R$ 3,1 milhões da Tupã no período de um mês aproximadamente (7 de maio a 17 de junho) e realizou saques correspondente a 24% do valor recebido no período”.
A Polícia Civil também identificou saques em espécie da empresa Ribeiro Comércio e Serviços entre 2023 e 204 no valor de R$ 1,1 milhão.
A empresa Frontline enviou recursos para a empresa Alessandro Ribeiro do Nascimento ME e que a empresa Tupã Comércio enviou o total de R$ 6,7 milhões para a Ribeiro no mesmo período em que ocorreram os saques da conta”.
Também é citado depósitos e saques no valor de R$ 437 mil para Helton Carlos de Arruda Borges.
Todas as empresas citadas que sacaram em dinheiro os altos valores em espécie receberam recursos milionários da Tupã.
As investigações revelaram que, apesar da movimentação vultosa, Alessandro do Nascimento não possui bens móveis ou imóveis em seu nome.
Com informações do FolhaMax