Presidente em exercício da Assembleia Legislativa, a deputada Janaina Riva (MDB) repudiou a declaração do colega Hugo Garcia (Republicanos), que disse que mulheres usam medidas protetivas para “extorquir os maridos”.
Hugo é suplente do deputado Valdir Moretto e assumiu cadeira no Legislativo na semana passada. Em entrevista à Rádio Cultura, o suplente disse que “tem pessoas se aproveitando disso [da lei] e extorquindo seus os maridos”.
Por meio de nota, Janaina classificou como “infeliz” a fala e sugeriu ao colega uma retratação. Ela ainda lembrou o feminicídio da filha do deputado Gilberto Cattani (PL), em julho deste ano, que foi morta com mais de 30 facadas a mando do marido.
“A fala do colega foi muito infeliz e espero, sinceramente, que ele se retrate. Tivemos um exemplo recente dentro do parlamento de que a violência contra a mulher precisa ser combatida em todas as frentes porque não escolhe classe social, cor da pele ou credo”, consta em trecho da nota.
“Como representantes da população, é nossa obrigação garantir esses meios de combate”, completou.
Acusado de violência
Em fevereiro deste ano, Hugo Garcia foi acusado de ameaça e violência doméstica pela ex-esposa em Nova Mutum. A mulher, com quem ele foi casado por 21 anos, pediu medida protetiva em dezembro de 2023.
JLSIQUEIRA/ALMT
O suplente de deputado estadual Hugo Garcia, que deu declaração polêmica nesta semana
Na entrevista, Garcia lembrou do caso e disse que a medida protetiva, garantida pela Lei Maria Penha, foi usada pela sua ex-esposa no processo de separação. “Para ela poder levar os filhos e não ter um problema de acusá-la de sequestro dos meus filhos nem nada. Ela tinha que fazer essa medida protetiva”.
Veja nota na íntegra:
“Venho a público repudiar fala do deputado estadual Hugo Garcia (Republicanos), que afirmou em entrevista que mulheres têm se utilizado de medidas protetivas para extorquir os maridos.
Quando um homem, em um cargo público, coloca em xeque os mecanismos existentes de proteção à mulher em um dos estados que mais mata mulheres no País, fragiliza ainda mais todo um sistema que já é muito aquém do ideal para fazer brecar a violência de gênero, punir agressores e os feminicidas.
Como presidente em exercício e procuradora especial da mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso afirmo que a fala do colega foi muito infeliz e espero sinceramente que ele se retrate. Tivemos um exemplo recente dentro do parlamento de que a violência contra a mulher precisa ser combatida em todas as frentes, porque não escolhe classe social, cor da pele ou credo. Como representantes da população, é nossa obrigação garantir esses meios de combate”.
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